Existia nesse Planeta, um enorme País, chamado Pindorama. Em Pindorama havia belas e eretas palmeiras onde cantavam os sabiás. As aves ali gorjeavam, a ponto de irritar.
Em Pindorama havia um céu, um sol e uma lua, como em qualquer outro lugar. Tinha várzeas, morros e matas com vida… e falência.
Atenção: Qualquer semelhança na escrita acima com o poema do primeiro marido de Darcy Gonçalves é mera especulação.
Mas isso deixemos pra lá, porque aquele belo País paradisíaco, o qual foi descrito com precisão no livro Gêneses, foi destruído por um grupo muito mais perverso que o perverso, boitatá.
Lá pelos idos de 1500, o Illuminate Pedrinho Mobral, mais conhecido como o Pedrinho e seu companheiro de farra, Tempero Caminha Boas Ideias, conhecido apenas como Caminha; convencem o rei de Portugal, a financiar-lhes uma viagem até a Índia.
A recompensa do rei?
Trazer-lhe-iam:
-três frascos de viagra,
-cinco metros de seda vermelha para que ele pudesse fazer uma capa igual a do Batman,
-dois kits de temperos, com mais de 10 tipos de ervas selecionadas e aromatizadas artificialmente, e
-um delicioso filé recheado com leite condensado, caramelizado com flocos crocantes, coberto com o puro molho de pimenta Nestle; tão apreciado pelo rei.
Porém a real intenção dos dois aventureiros, era passar um tempo longe de suas já velhas e cansadas esposas.
(Mal sabiam eles, que as esposas já estavam com suas malas abarrotadas de vestidos, “côte-hardies”, extremamente decotados e passagem marcada até Ibiza, na Espanha).
Diz a história… aliás, a verdadeira história é essa que eu estou a lhes contar; que depois de navegar por dias, Pedrinho, Caminha e mais um bando de portugueses desocupados, avistaram do mar, essa tal de terra paradisíaca.
E naquele perfeito lugar, no perfeito dia, na perfeita hora, os portugueses lá aportaram, vindos de além-mar.
E ali, quando seus pés tocaram a areia branca, janelas e portas se abriram. Perceberam entre os caracóis dos cabelos das belas morenas, muito coco, muito ouro, muito pau-de-tinta, caxiri e o chá ayahuasca pra viajar.
E assim, depois das devidas apresentações pomposas, após beber do mais puro chá dos nativos, o português Caminha, com a pena em punho, já se encontrava sentado na escrivaninha do Pagé.
Extasiado com a hospitalidade dos nativos e olhando aquelas variadas bundas sem calçolas; coloca a mão esquerda sobre o olho direito enquanto canaliza um espírito de luz vindo diretamente de Vênus.
E através de um ET, chamado Dr. Roberto, Caminha edita a primeira carta psicografada da história daquele País.
“Meu magnânimo rei.
Nesta terra, se pagando, todo mundo dá.
Homens, mulheres e crianças, todos sem vestimentas, querendo se esfregar.
Nenhum de nós, entende seu balbuciar,
São mansos como cordeiros.
Fazem de tudo para agradar.
Um deles, vendo o colar de ouro no pescoço do Pedrinho, fez sinal com seu balançar:
‘Há ouro nesse lugar’!
Nas brancas areias da praia, circulam sem ao menos a vergonha tapar.
Que lugar!
Sinto até uma pequena vergonha, oh meu rei!
Até o padre pôs-se a apreciar.
Mesmo a moça morena, tingida de lama da cabeça aos pés, exibe seu gracioso capô-de-fusca.
Todos cá estamos, juntos e misturados, nós vestidos e eles pelados, nós prelados e eles também, trocando chapéus por arcos, papel por penas, doenças por conchas…
Que maravilha esse Lugar. E aqui por hora, vamos ficando, amansando-os para converter-los ao cristianismo.
Eu sei, meu rei, essa será nossa missão, até o último se enroupar.
Essa terra é sua, oh meu majestoso rei.
Depois de catequiza-los, roubaremos-lhes até o último naco de ouro, até o último naco de pau-vermelho, para nossas igrejas enfeitar, recebendo então, o perdão de Jesus Cristo, nosso senhor.
Aproveito ainda para mandar um beijo, para a minha mãe, para o meu pai, enfim para todos meus familiares.
Um beijo para a tia e o tio e um especial pra você, que me deu a chance de estar aqui.
Enquanto isso, o padre Marcelinho de Coimbra Rossi, depois de serrar a mais bela e imponente árvore, vestia seu tubinho preto e começava a rezar a primeira missa para os nativos.
-Erguei as mãos, irmãos.
-Elefantes, erguei as mãos,
-Cangurús, erguei as mãos,
-Minhoquinhas, erguei as mãos,
-Braço direito, braço esquerdo
-Perna direita, perna esquerda
-Erguei as mãos, irmãos.
-Girafas, erguei as mãos,
-Leões, erguei as mãos,
-Minhoquinhas, erguei as mãos,
-Braço direito, braço esquerdo
-Perna direita, perna esquerda
-Balança a cabeça, dá uma voltinha
-Dá um pulinho e abraça o animalzinho.
Amém!
Logo após a cerimônia, onde todos dançaram e se divertiram erguendo as mãos; Pedrinho reivindicou todas àquelas terras em nome da Coroa Portuguesa.
Pindorama passaria a se chamar, a Terra de Vera Cruz, Ilha de Vera Cruz, Ilha Cruz, Santa Cruz, Terra dos papagaios… eles ainda estavam decidindo.
Depois de muitos anos, depois de muitos acontecidos, acontecer; durante a Guerra Napoleônica, um certo projeto de rei, descendente do rei anterior e seus familiares e cupinchas, atracaram nessa mesma terra paradisíaca, perdendo-a mais tarde para os maiores gângsters da história do universo.
E assim, o Illuminate Pedrinho Mobral, o Tempero Caminha Boas Ideias, além de outros portugueses, entraram para a história e se eternizaram nos livros, como os descobridores de uma terra que já estava descoberta.
Aguarde, a lenda continua…
Madame Bê