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Arquivo da Categoria: política

Finado Lula

“Nunca entre num lugar de onde tão poucos conseguiram sair”, alertou Adam Smith. 

“A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama”, cravou o romano Ovídio. 
“Corrupção é o bom negócio para o qual não me chamaram”, ensinou o Barão de Itararé.

E na contramão de todos está alguém que abriu mão de si mesmo pelo poder. Lula construiu uma história de vida capaz de arrastar emoções e o levar à presidência. Agora, de modo desprezível, o mesmo Lula destrói-se por completo.

Não é preciso resgatar o tríplex, o sítio ou os 30 milhões em “palestras” para atestar a derrocada do ex-presidente. Basta tão somente reparar a figura pitoresca na qual Lula se tornou.

O operário milionário sempre esbanjou o apoio popular e tomou para si o mérito de salvar o país da miséria. Contudo, junto disso, entregou-se aos afetos das maiores empreiteiras, não viu mal em lotear a máquina pública, nem constrangeu-se em liderar uma verdadeira organização criminosa.

Sem hesitar, brincou com os sonhos do povo e fez de seu filho, ex-faxineiro de zoológico, um megaempresário. 
Aceitou financiamentos regados a corrupção, fez festa junina pra magnatas e mentiu, mentiu e mentiu. O resultado, enfim, chegou: ao abrir mão de si mesmo, Lula perdeu o povo.

Pelas ruas, o ex-presidente é motivo de indignação e fonte de piadas. Lula virou chacota, vergonha, deboche. Restou-lhe a militância do pão com salame e aqueles que tratam a política com os olhos da fé messiânica.

Seu escárnio da lei confirma sua queda. Lula ainda enxerga o Brasil como um rebanho de gado e não percebe que está só, cercado por advogados que postergam seu coma moral. 

Enquanto ofende o judiciário e todos aqueles que não beijam seus pés, Lula trancafia-se na bolha de quem ainda acredita que meia dúzia de gritos e cuspes podem apagar os fatos.

O chefe entrou num mundo sem saída, trocou sua consciência pelo poder e corrompeu-se até dissolver sua essência. 
Lula morreu faz tempo. Restou-lhe, apenas, uma carcaça podre que busca a vida eterna no inferno de si mesmo.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela UFES.

 
 

Só pra deixar claro

Sinceramente não vejo Trump como um vilão. Não o vejo como o cara mau, mesmo porque o cara mau está na Venezuela. 

Vejo Trump como um cara meio caricato, grosso até, que deveria deixar a esposa Twittar em seu lugar. E é claro que ele não mede palavras, age por impulso, e fala o que pensa, típico de quem nunca foi político. 
Até me atrevo a dizer que vejo nele um pouco do meu pai, quando eu era adolescente, apesar dele estar mais perto da minha geração.
Ele parece ter uma certa ingenuidade, e sim, eu posso estar enganada. Não o conheço, mas imagino que não deve ser fácil ser bombardeado diariamente pela imprensa desde a sua campanha. 
Não acho que ele consiga chegar ao final do seu mandato. E pra mim isso tanto faz. Mas convenhamos, eu queria entender o que diabos ele fala de tão ruim pra que ocorra esse tsunami diário de críticas em torno dele.
Se por mais de quatro anos ouvimos sobre “estocar vento, mulher sapiens, mosquita, deixar a meta em aberto, saudação a mandioca, a bola é um símbolo da evolução”…sem nenhum trauma posterior. Eles, os americanos, vão sobreviver por ter que escutar “os dois lados estão errados”, e que “nos dois lados existem pessoas boas e pessoas más”. Quem sabe depois de tudo não fazem como nós, que hoje temos um livro escrito por Celso Arnaldo Araujo, dedicado ao “Dilmês”. 😂
Sem deixar de mencionar, que lá, nos EUA, a economia vai de vento em popa, e o desemprego vem diminuindo. Já aqui, segundo IBGE, temos mais de vinte e seis milhões de desempregados, e quase cinquenta milhões recebendo salário família, segundo informações do site do Planalto. Que equivale, mais ou menos setenta e seis milhões de pessoas, UAU! E o mais incrível, tem quem acha isso uma grande coisa. 
E pra terminar, faltaria ouvirmos da mídia, além de rechaçar o cara lá de longe, dizer que a culpa dos nossos problemas é do Temer, o outro “bad gay” que veio num pacote fechado. 

Madame Bê 

 
 

Impostos, taxas e tributos (cada vez tem mais)

Quando tem um buraco em uma rua qualquer. O que vemos? Um motorista, um pedreiro, um auxiliar, e um inspetor. Pra quê? O próprio pedreiro não poderia dirigir, consertar, inspecionar ao mesmo tempo? 

Quando doentes precisam ser levados até Porto Alegre. O que temos? Um carro com motorista que pega na porta de casa. Pra quê? Na cidade não existe uma empresa de ônibus que poderia ser terceirizada pela prefeitura? Um parente do doente não poderia levá-lo até a prefeitura pra que ele pudesse pegar esse ônibus? Um carro a menos, um motorista a menos…

Quando entramos em um estabelecimento público o que se vemos? Funcionários formigas ou funcionários tartarugas? Se teu pessoal não trabalha como uma formiga, demita! Quem já trabalhou numa fábrica sabe que o serviço deve ser cronometrado, existem metas, todos precisam se adaptar ao que é exigido. Porque numa repartição pública é diferente? Porque as regalias? 

Há algum tempo, soube que aqui em Dois Irmãos médicos cubanos têm direito a motorista, moradia mobiliada, e sabe-se lá mais o quê. Pra quê? Eles não recebem salário? Todos os médicos da saúde tem essas regalias? 

Isso são apenas alguns exemplos. Se uma prefeitura não sabe como fazer pra enxugar o dinheiro que pergunte a sociedade, com certeza sairão ideias geniais. A ferramenta pra chegar até todos já existe e está na palma da mão de 99% das pessoas, é só querer usar.

Geralmente o político se coloca num pedestal. Em vez de achar soluções, manda a conta. Isso tem nome, sabia? Incompetência!

Alguém aqui já viu um prefeito, deputado andando nas ruas como andam em época de campanha? Se pudessem, imagino eu, sobrevoariam pra não sentir o tanto de buracos que tem nas ruas.

De modo geral, não só falando de município mas, também de Estado e País. Tudo o que ouvimos da boca de político é: “precisamos cobrar mais” , ” não existem verbas suficientes”. Acredito que essas frases são uma espécie de mantra.

Chegamos onde chegamos justamente por acreditar que o “socialismo” tiraria o povo da miséria. Ledo engano, os empregos estão sumindo justamente por causa do governo. Mas, dane-se, a conta ficará cada vez maior, e essa teremos que pagar. Os políticos plantaram suas raízes e ainda não sei como vamos sair dessa. 

E o pior é que muitos brasileiros acreditam que suas vidas melhoraram. Não se dão conta de que quanto mais empresas, mais elas competem entre si e mais barato ficam os produtos. E quando o governo cobra, as empresas somem. Não se dão conta de que a tecnologia veio pra ficar. E que todos se beneficiam com ela, tornando suas vidas mais fáceis. Acreditam que o Governo (políticos) melhora a vida da população. Estão errados. O governo tira!

Os políticos do Brasil, na sua grande maioria, são sangue-sugas. Facilitaram a vida deles, nos taxando mais e mais. Fazem leis estúpidas dificultando nossas vidas. Morre pra ver quanto você vai deixar de herança e calcula quanto seus herdeiros vão ter que desembolsar e “doar” pros cofres públicos. Tente comprar ou vender uma casa, e veja quanto de imposto você terá que pagar. Compre um carro e veja o absurdo de imposto embutido. 

É imposto e mais imposto. Taxa e mais taxa. Mas, o que está sendo feito pelo social? Social hoje só compra de votos. Afinal eles precisam se perpetuar no poder. E o que mais me entristece, é ver um bando de baba ovo, iludido com a ideia de que estão prosperando.

Vocês acham mesmo que é uma grande coisa receber bolsa família? Sério, vocês realmente acham que é melhor receber R$ 85,00 do que poder trabalhar e receber R$ 937,00? 

Estamos vivendo tempos difíceis. Ninguém aguenta por muito tempo essa carga tributária que aí está. Vai chegar o tempo em que só os funcionários públicos estarão empregados. Quando isso acontecer, quem vai pagar o salário deles? 

 

FHC criou o socialismo.

Lula corrompeu toda classe política.

Dilma emburreceu toda Nação.

E há muito o PMDB escorrega pro lado que o favorecer. 

E nós, somos um povo idiotizado politicamente, brigamos por siglas, PT, PMDB, PSDB… Me digam por favor, onde está a oposição a todos esses esquerdistas?

Madame Bê

 
 

Em nome da liberdade, precisamos dar um foda-se ao politicamente correto

Em nome do politicamente correto, ataques terroristas são chamados pela mídia de “explosões que matam”, “vans que atropelam” e “armas que atiram”.
Em nome do politicamente correto, humoristas são perseguidos por deputados que usam o poder estatal para censurar todos aqueles que fazem o nobre trabalho de rir dos políticos.

Em nome do politicamente correto, cria-se movimentos racistas para combater o racismo, movimentos sexistas para combater o sexismo e movimentos fascistas para combater o fascismo.

Em nome do politicamente correto, deve-se poupar uma religião de guerra de críticas para evitar ser islamofóbico.

Em nome do politicamente correto, é preferível morrer como ovelha do que combater o mal de forma armada.

Em nome dos direitos liberais à vida, liberdade e propriedade, só há uma coisa a fazer: dar um foda-se ao politicamente correto e estabelecer o politicamente sincero. E os incomodados que se danem.
Por Marcelo Faria

 
 

Estado inchado

Quando o Estado regula o mercado, acontece o que vem acontecendo em quase todo o Planeta.  Ou seja, quem trabalha é forçado a sustentar aqueles que não trabalham, através de impostos altos.
Dessa forma quem não trabalha e recebe benefícios, dificilmente vai tentar mudar sua condição de recebedor. A situação é cômoda.

Além dos juros altos que todos pagamos, a justificativa de o Estado ser mantenedor de empresas estatais para ajudar pessoas menos favorecidas, acaba gerando essa incrível e imoral fábrica de corruptos.

Mas sim, todos precisam viver uma vida digna, todos devem ter direito ao básico.

Mas não, estaria na hora de parar tudo, sentar e repensar, o porque, todo esse assistencialismo não está ajudando em nada a melhorar a situação mundial?
Madame Bê

 
 

Top 10 da semana

 

1- Você me pede na carta que eu desapareça. Que eu nunca mais te procure, pra sempre te esqueça…

2- Ministro da Economia ameaça se demitir. Alternativas:

a- Escreva uma carta

b- Copie a carta do vice-presidente.

c- Faça como o filho do chefão, dê um Ctr c, Ctr v

3- Solução do Ministério da Saúde para o zika vírus. Não engravide!

4- O grande toro sentado na grana pede que a população coma arroz sem carne durante a crise.

5- Pancadaria e quebradeira na casa da mãe Joana.

6- A dentuça de vestido vermelho manda dizer ao povo que fica.

7- Ministra da Agricultura joga vinho na cara do nem tão cacique do PSDB. Motivo: “Dá mais que chuchu. em cerca”.

8- A não estocagem de vento atrasa avião para a posse do Presidente vizinho.

9- O índio da cocada branca é indicado para receber o mérito farroupilha. A maior distinção concedida pela Assembleia Legislativa do RS.

10- A generosa se defende das pedaladas afirmando que a culpa é do bolsa capim.

Resumo:

Brasil precisa de faxina, não de Fachin.

 

Madame Bê

 
 

O que eu faria se eu fosse a Presidente de um País falido

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Venderia o avião presidencial, e passaria a usar voos normais. Devolveria o cartão corporativo e instigaria todos políticos a fazer o mesmo. Em viagens internacionais levaria apenas dois assessores e me hospedaria em hotéis simples, e baratos. Acabaria com pelo menos 30 ministérios. Privatizaria a maioria das empresas públicas. Convocaria Deputados e Senadores a também enxugar os gastos públicos. Isso só pra começar…

 
 

2015

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Como seria um feliz ano novo…

A partir do dia primeiro de janeiro de 2015, os funcionários públicos passarão a ter os mesmos direitos e deveres de um cidadão que trabalha numa empresa privada.

Não haverá diferença nas aposentadorias, isso vale desde o Presidente da República até o funcionário mais humilde, salvo aquele que se reeleja (com o aval da população) várias vezes, totalizando um período de 30 anos para mulheres e 35 anos para homens.

Não haverá mais estabilidade de emprego, podendo assim ser dispensado o funcionário que não mostre um bom serviço. Porém o Prefeito e Governador só poderão fazê-lo, caso reclamações advindas do povo supere a grande maioria da população.

A partir dessa data ficam extintas, toda e qualquer regalia concedida a qualquer funcionário público, Vereador, Prefeito, Governador, Deputados e Senadores.

A partir dessa data, todo aquele que se eleger a um cargo público, será julgado como qualquer cidadão brasileiro. Não haverá mais foro privilegiado.

Quando e se, essas medidas forem tomadas, teremos sim, um feliz ano novo.

Por enquanto desejo a todos, um ano de muito trabalho, para sustentar a corja que se encontra no poder.

Madame Bê

 

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Carta de uma Venezuelana a Nicolás

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Quando éramos pequenos, de acordo com os costumes de nossa família, escrevíamos uma carta para pedir brinquedos, presumindo ganhar por sermos boas crianças. Em algumas casas, o destinatários era o menino Jesus, em outras papai noel, em outras os reis magos.

Na minha família, recebíamos um presente no natal, do menino Jesus, outro presente no ano novo, e um mais no dia dos reis, mas este ultimo somente se havíamos deixado os sapatos em um lugar visível.

As vezes acontecia de o menino Jesus, deixar um presente na casa de nossa avó, e o papai noel deixava outro na nossa. Parecia que tinham problemas de logística e se perdiam nas zonas, mas nunca nos dias. Um pacote era deixado debaixo da arvore, no natal, outro pacote no primeiro dia do mês de janeiro, e outro no dia dos reis magos.

Quando você começa a pentear os cabelos grisalhos, se lembra com carinho daqueles dias, em que tua vida se resumia a brincar, comer e dormir. Terrível, não é chegar a idade adulta, mas é ver a Venezuela, do pão com presunto, gaita e ponche, desaparecer debaixo de uma enorme mancha de sangue e miséria.

É por isso que este ano, mesmo não sendo mais uma garota, vou escrever uma carta cujo destinatário, não é o santo, ele inspira qualquer coisa, menos ternura e respeito. Conhecendo suas famosas e múltiplas limitações, em especial intelectualidade, peço aos aduladores que estão ao seu lado que a leiam, e expliquem detalhadamente, inclusive ajudem desenhando para que ele entenda. Em consideração, eu vou escrever como se eu tivesse sete anos, assim será mais compreensível. A carga de sarcasmo deixarei para nós, porque ele não sabe o que é isso.

Esta é a carta para um Nicolás não santo:

“Querido Nicolás”

Te escrevo esta carta de longe, porque este ano a guerra econômica e o desvio dos aviões ao mundial do Brasil, me obrigaram a não passar as festas com meus parentes queridos. Garanto que nada me agradaria mais, do que colocar na minha mala, além de alimentos e medicamentos, um par de sapatos, um traje de banho, e passar estes dias, alternando praia e sol com a ida aos supermercados, salvando minha mãe da humilhação de ter que dar sua identidade para comprar azeite. Mas suponho que quando acabar este atentado do teu extraordinário governo, poderei voltar a minha casa, pelo menos no Natal.

Quero aproveitar, já que és tão generoso e solidário, com outros Países, para pedir um presente em nome da maioria dos venezuelanos. Como bem sabes, somos muito bons, fizemos filas para comprar comida, quando há, aprendemos economia medieval fazendo trocas de medicamentos com vizinhos e desconhecidos, temos lutado contra o sonho, para acompanhar no rádio e na televisão, os teus capangas matar estudantes desesperados pela liberdade. Também somos obedientes e nos adequamos aos inúmeros cortes de eletricidade. Aprendemos a tomar menos banhos, misturar shampoo com agua e usar desodorante como se fosso ouro.

Temos deixado que uma epidemia se apoderasse dos quatro cantos deste País, carregamos nossas crianças nuas, porque não há fraldas para vesti-los. Nos acostumamos a comprar a roupa que nos vendem, como se fosse um milagre divino. Permitimos que gaste nosso dinheiro passeando pelas ruas de Manhattan, presenteando o pouco que ainda sobra nos cofres públicos. Permanecemos tranquilos sem saber o destino de bilhões de dólares do petróleo durante esses anos. Não reclamados por nos submeter a um controle de cambio, que nos obriga a ver o aumento dos preços a cada dia, e as vezes a cada hora.

Temos alcançado a suprema felicidade, vendo noticias compradas que mostram um País de sonhos, como se vivêssemos num conto de fadas. Apesar de não estar de acordo, fazemos parte da tua luta contra o capitalismo selvagem e seguimos vivendo para evitar não morrer como cães. Acolhemos e protegemos as vitimas das atrocidades que acontece todos os dias; porque para ti nesta “pátria grande”, não tem castigo. Estamos sendo pacientes ao longo desses anos, mas não sei até quando.

Como vês, temos sido um povo exemplar, um povo que todo ditador sonharia para poder dormir a noite. Por isso querido Nicolás quero pedir um presente para esse maravilhoso e generoso País:
Pega esses bilhões de dólares, e vai desfrutar em outro País. Diga a teus amigos, para comprar passagens e fujam com as suas maletas, as mesmas que eram camufladas levando nosso dinheiro pelos aeroportos do mundo, e comecem a desfrutar como fazem os ladrões quando roubam qualquer venezuelano.

Este País desgraçadamente, pode começar do zero, com as mãos vazias, com vontade de viver, com um único remanescente após um assalto, podemos continuar sem você, sem reservas, sem palavreado, sem ataduras e sem essa pátria de papelão. Você não vai fazer falta, não te preocupes, nós, seguiremos adiante, não de imediato, não sem esforço, mas seguiremos em frente. Só necessitamos que nos dê a liberdade.

Envio essa carta hoje, para que chegue depois dos primeiros festejos de Natal, não a confunda com uma piada de primeiro de abril, organize tua partida como se fosse uma das tantas farras corruptas em que você usou o aviõe oficial e que beneficiou tanto a sua revolução, esses voos em que você convidava familiares, amigos, mordomos, babás e tantos outros beneficiários ilegais.

Veja, como somos esplêndidos, estamos te dando presentes, desde que prometas nunca mais voltar. Como você pode ver, é um pacote completo de benefícios. Perdendo também se ganha, diria minha Avó.

Pense Nicolás, pedimos pouco, para tudo que estamos dando.

Te envio uma saudação de natal, guiada pela estrela de Belém, porque se eu deixar a cargo da Cruz del Ávila, é possível que um apagão deixe as escuras o caminho, e a mensagem pode não chegar.

YEDZENIA

http://yusnaby.com/carta-de-una-venezolana-a-nicolas/

 
 

Relato Cubano

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Contar como tudo aconteceu em Cuba, no ultimo século parece fácil, mas não é. Muitas pessoas deixaram nesses anos parte de sua vida e suas esperanças. Julia Echeverría, cubana 74 anos, reside no município de Mariano, em Havana, é uma dessas meninas, que em sua época, acreditou no processo revolucionário que sacudiu Cuba em plena ditadura de Fulgencio Batista. Aqui segue sua história.

Anos 50
Julia era a caçula de quatro irmãos. Em casa trabalhavam, seu pai e seus três irmãos, em barcos privados. Navegavam cubanos e norte-americanos, ricos. “Viajava a Miami, Cayi Hueso e a outros destinos de Havana”, recorda ela.
Segundo Julia, menina de 16 anos, no final de 1956, quando Fidel Casto chegou do México a bordo do Granma para iniciar a luta armada em Sierra Maestra, não se falava contra os americanos. “Era uma relação normal. Quem podia ia e voltava dos EUA, mesmo que fosse só pra passar o dia. Sobretudo por negócios. Também vinham muitos americanos a Havana. Barcos cheios de marinheiros para se divertir. Em Havana tinham muitos prostíbulos. Nesses anos, meu pai trabalhava para um cliente americano, Mr Bronson, que foi seu patrão por muito tempo”.
Em sua casa nunca faltou dinheiro. Café da manhã, almoço, janta, medicamentos. “Com o que sobrava se comprava roupas, sapatos e outras coisas. Nunca tive três pares de sapatos nem dez vestidos, mas nunca faltou nada”, assegura.
Em 1958, com 18 anos, a jovem Julia, noivou com Antonio Alonso, um médico que apoiava clandestinamente os rebeldes de Sierra de los Órganos, em Pinar del Río, na zona ocidental da ilha. Ela também começou a colaborar. “Levávamos plantas enrolados em sacos plásticos, na parte de trás dos carros, e dentro, armas, medicamentos, facas e mensagens”…, relata. “Outras vezes preparávamos o material, e escondíamos, em uma barriga de grávida falsa. Quando a polícia nos parava, eu descia do carro, viam que eu estava gravida, e nos deixavam ir”.
No final desse ano Julia e Antonia se casaram em Havana.
1959-1960
Semanas depois, em janeiro de 1959, a revolução liderada por Castro, Guevara e Camilo Cienfuegos triunfou, e o ditador Fulgencio Batista fugiu. Como muitos cubanos, Julia estava muito feliz, quando os barbudos desceram a serra. Esperávamos que as torturas e perseguições dos jovens havia acabado, e o País começaria a surgir.
Então, em 1960, Castro interveio nas principais empresas norte-americanas da ilha sem dar nenhuma indenização aos americanos. A Casa Branca, reagiu criando um embargo, sobre o comércio com Cuba.
“A partir 1960 a 1962 começou uma etapa de miséria”, comenta Julia. “Fidel dizia que Cuba estava bloqueada e que havia escassez. As pessoas protestavam em silêncio, quando não havia algo, mas a justificativa sempre era que EUA não permitia entregar mercadorias, e que comprar em outros Países era muito caro. Muitos acreditavam, eu também”.
1960
No dia 3 de janeiro de 1961, EUA, rompeu relações diplomáticas com Cuba. Castro proclamou então o sistema socialista, e a política do País tomou um rumo inesperado, cada vez mais próximo a URSS. E em novembro desse ano Antônio, esposo de Julia, decidiu fugir de Cuba em uma lancha. Deixou pra traz Julia, a revolução e tudo mais.
“Na época, eu estava grávida. Ele pensava que o comunismo duraria alguns meses, e foi aos EUA esperar que tudo passasse, sua intenção era de voltar. Mas o comunismo, que temos em Cuba, jamais acabou”, se lamenta Julia cinco décadas depois.
Teve sua filha sozinha. Nesse tempo não existia comunicação entre a ilha e EUA. Os que tinham contato com a família emigrada eram proibidos e marginalizados socialmente. A filha de Julia, cresceu sem pai, ela mesmo nunca mais voltou a falar com Antonio.
O ano de 1962 foi caótico em relação aos dois Países. Cuba foi expulsa da organização dos Estados Americanos, Kennedy endureceu o embargo, em outubro explodiu a crise dos mísseis. Em 1964, Julia começou a trabalhar como caixa de um cinema no oeste de Havana. Em pouco tempo, era administradora, por sua capacidade e habilidade. “Os salários eram baixos, não passamos necessidades pois éramos muitos em casa, e todos trabalhávamos. Mesmo que tivéssemos dinheiro, não podíamos comprar nada porque não havia. Culpavam o bloqueio, por tudo”, relembra aqueles anos.
O que mais a marcou desde os primeiros anos da revolução, foi a desigualdade. “Havia, quem podia ir a todas a partes, os filhos de Fidel, Raúl e outros, entravam em todos lugares e não pagavam nada. Ninguém podia fazer nada, nem reclamar. Só podíamos dizer sim, a tudo para ter tranquilidade. Ou fala bem de Fidel ou te cala”.
Em 1965 começou o chamado exodo de Camarioca. Mais de 100 mil pessoas migraram da ilha até EUA, em um curto período. Em 1966, Washington aprovou a lei do ajuste cubano, e forneceu áxilo aos cubanos. “O governo começou a entrar nas casas apropriando-se de tudo que encontrava. A justificativa era de que as pessoas haviam saído do País e deixado seus pertences. Foi um grande roubo. Eu fiquei assustada. Confessa.
Em 1968, o regime lançou a chamada ofensiva revolucionária. Castro se apropriou absolutamente de todos os negócios privados de Cuba, desde hotéis, empresas e restaurantes, até a máquina de cortar grama do jardineiro de Julia. “Fizeram muitas coisas feias na ofensiva revolucionária. Tudo o que se ganhou trabalhando duro na vida, agora somos forçados a dar, e é preciso começar do zero, sem direito de se queixar”…
1970
Na década de 70, foi a mais traumática para Julia e sua filha adolescente. Desapareceram todas a liberdades e foi imposto um controle ideológico. “Proibiram a música americana, inclusive Julio Iglesias, um cantor que eu gostava muito; diziam que suas musicas falavam contra o que se vivia em Cuba”.
A forma de vestir, cabelos longos, a homossexualidade a religião, consideravam “desvio ideológico”. Julia conta que, ter um crucifixo em casa era um problema. Foi forçada a deixar a fé para conservar seu trabalho. Muitas igrejas foram destruídas na época.
Em 1974 funcionários dos EUA começaram a viajar pra ilha, e em 1977 o governo de Jimmy Carter aprovou a abertura de sanções e interesses entre Havana e Washington, para resolver assuntos bilaterais. Julia entretanto, seguia trabalhando no cinema. Já era responsável por vários cinemas, em diferentes municípios.
Sussurrando, os cubanos contavam anedotas com conteúdo subversivo, conta um encontro com a filha de Raúl Castro. “Um dia chegou Débora, a mais velha, com 40 camilitos (assim chamam os alunos da escola militar). Queriam ver o filme sem pagar: A Selva. Eu disse que não, que deviam fazer fila e pagar como todos. Minutos depois recebi uma chamada de meu chefe, dizendo que os deixasse entrar sem cobrar. Mas junto com eles, também deixei todos os meninos do povoado entrar, e não cobrei”.
Foi o tempo da penetração soviética. Quase toda programação televisiva era com espaço soviético, as bibliotecas repletas de livros soviéticos traduzidos em espanhol, e começava a ser importante aprender russo. “Os soviéticos, chegavam como os marinheiros americanos, turistas buscando mulheres. As lojas começaram a ter um pouco mais de coisas, especialmente comida. Recordo as latas de conservas soviéticas. Nos encantavam. Podia se ver certa melhoria na alimentação, e pensamos que melhoraria mais. Nos faziam acreditar que estávamos, a ponto de uma guerra com EUA”.
1980
Com muita limitação, a filha de Julia pode estudar. Quase não tinha roupa nem sapatos para ir a Universidade. Havia pouco dinheiro e os artigos nas lojas eram excessivamente caros. “Eu tinha 10 calças para trabalhar, apertei 5 ao tamanho da minha filha para que ela pudesse estudar” diz a mãe orgulhosa. “Confeccionava suas camisas, com pedaços de tecido. Minha filha sonhava com uma pitusa (calça jeans), era jovem. Prometi que no dia que se graduasse, e me trouxesse seu diploma ela teria sua pitusa”.
Em 1980, 130.000 cubanos saíram do porto de Mariel até os EUA. Um ano depois, em 1981, Ronald Reagan endureceu sua política contra Cuba. Foi o mesmo ano em que a filha de Julia se formou na Universidade de Havana, e a promessa foi comprida. As economias de vários anos foram destinadas a uma calça jeans, uma blusa e um par de sapatos novos.
Após a formatura, ela começou a trabalhar na marinha. Julia, por sua vez, seguiu trabalhando nos cinemas até 1988. As coisas não mudaram. “Na televisão sempre falavam mal de Reagan. Diziam que ele incitou os cubanos a ir aos EUA. Cuba ficou sem professores e médicos porque todos emigraram. A política com ele não melhorou”.
1990
Meses depois da queda do Muro de Berlim, em 1990, o regime declarou que Cuba entrava em um período especial. Medidas extraordinárias imporiam restrições ao consumo. “Começou uma forte preocupação porque eles, (os soviéticos) tinham nos ajudado a sobreviver. Após a queda do bloqueio socialista, pensamos que voltaria a época dos anos 20 e 30, com refeições por grupos. Foi ruim, ruim ruim, tivemos que inventar para viver. Na minha casa houve um tempo terrível, onde só havia feijão pra comer. Tivemos que fazer trabalhos clandestinos, se não morreríamos de fome. Alugávamos a metade da casa a estrangeiros, cobrando 25 dólares por uma noite”.
Com a chegada de Hugo Chaves ao poder na Venezuela, em 1999, melhorou a situação energética. “O pouco transporte que havia, não podia circular porque não havia petróleo”. Recorda Julia. Mesmo assim ela e seus sonhos seguiram. Tentando sair do buraco.
De seus olhos saem lágrimas quando conta que os anos se passaram. Assim, sucessivamente todo ano, esta longa história de sofrimento e necessidade.
2014
Então, na quarta feira, Barack Obama e Raúl Castro anunciaram que EUA e Cuba vão restabelecer relações diplomáticas. “As medidas que temos disse Obama (entre outras que vão suavizar as restrições para viajar e transferir dinheiro) me parece bom, mas não sei o que vai acontecer”. “Agora que não podem mais culpar EUA, quero ver que justificativa irão buscar se as coisas não melhorar. Minha opinião é que tudo será igual. Pode ser que alguém tenha oportunidade de subir um pouco, mas não creio que vão fazer uma troca brusca, para que todos cubanos possam tomar café da manhã, almoçar e jantar, como antes da revolução”.
Perguntada por que ela não saiu de Cuba, contesta: “Isso não está nos meus planos. Não posso viver sem minha família, somos muito unidos”. Quando perguntei se voltaria a lutar pela revolução ela foi taxativa: “Depois da experiência que vivi, nem pensar. A revolução não foi o que pensei. Nem eu nem qualquer um. Aquele que diz que foi bom, é um mentiroso. Pensávamos que eram os melhores, que iriam nos salvar”.

http://www.elmundo.es/cronica/2014/12/21/54955bafe2704e932d8b457a.html?a=02b4d57a9e7909974b259a744ac6eefa&t=1419141374

 
 
 
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